Seminário promovido na Internet abre ano letivo do PPGCOM/UFMS
(https://ppgcom.ufms.br/comunicado-declaracoes-de-participacao-no-seminario-online-2021-1-do-ppgcom-ufms/ – Comunicado: Declarações de participação no Seminário Online 2021/1 do PPGCOM/UFMS)
O Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) promoverá entre os dias 15 e 19 de março seu Seminário de Abertura do Semestre Letivo 2021/1, com atividades de recepção aos novos alunos de pós-graduação, aula magna e palestras com pesquisadores convidados, que será realizado de forma virtual.
Na segunda-feira, 15 de março, a partir das 8h00, horário de Mato Grosso do Sul, os discentes serão recepcionados com o lançamento do livro “Regionalidade e Discursos Midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul”, publicado pela Editora UFMS e organizado pelos pesquisadores Daniela Ota, Mario Fernandes e Tais Tellaroli Fenelon para marcar o aniversário de uma década de criação do PPGCOM/UFMS. A obra reúne os resultados das principais pesquisas desenvolvidas no âmbito do programa no quadriênio 2017-2020.
Na sequência, a partir das 9h00, acontecerá a aula magna “Arqueologia da Intolerância: A construção da cultura do preconceito na sociedade brasileira e suas manifestações (in)visíveis nos meios de comunicação” com o pesquisador Maurício Ribeiro da Silva. Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maurício Ribeiro da Silva é docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Paulista (UNIP) e presidente da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS).
Na terça-feira, 16 de março, às 9h00, o pesquisador Júlio Carlos Bezerra profere a palestra “O reino do real: Duas ou três coisas sobre documentário e jornalismo”. Doutor em Comunicação e Cinema pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), com estágios pós-doutorais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Columbia University (Nova Iorque, Estados Unidos), Julio Bezerra é docente do PPGCOM/UFMS e coordenador do Curso de Audiovisual da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC) da instituição.
A pesquisadora Beatriz Corrêa Pires Dornelles ministra na quarta-feira, 17 de março, às 9h00, a palestra “Efeito da pandemia no jornalismo local: independência ou submissão aos prefeitos?”. Doutora em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado pela Universidade Fernando Pessoa, em Portugal, Beatriz Dornelles é professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e editora executiva da Revista FAMECOS.
Na quinta-feira, 18 de março, às 9h00, os pesquisadores Rafaella Lopes Peres e Silvio da Costa Pereira, docentes do curso de Jornalismo da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC) da UFMS, serão responsáveis pela palestra “Por um jornalismo visual, hoje”. Rafaella Peres é doutora em Design pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com pesquisas em planejamento visual em comunicação. Silvio da Costa Pereira é doutor em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e integra o Núcleo de Estudos e Produção Hipermídia Aplicados ao Jornalismo (NephiJor/UFSC), com reflexões sobre o papel da imagem no jornalismo contemporâneo.
Finalmente, na sexta-feira, 19 de março, o pesquisador Evandro Higa, docente do curso de Música da FAALC, UFMS ministra a palestra “A cultura da mídia e as transformações na música sul-mato-grossense”. Evandro Higa é pianista e doutor em Música pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Estudioso da música regional de Mato Grosso do Sul, apresenta atualmente o programa Fronteiras da América, na Rádio Educativa UFMS.
De acordo com o coordenador do PPGCOM/UFMS, professor Marcos Paulo da Silva, o seminário virtual foi planejado para acolher os novos alunos do curso de Mestrado, mas também para ressaltar alguns dos temas mais presentes nas pesquisas do Programa. “Teremos reflexões de pesquisadores convidados de universidades externas e da própria UFMS, estudiosos de fôlego que têm devotado atenção a fenômenos importantes vinculados às duas linhas de pesquisa do PPGCOM/UFMS, seja as linguagens midiáticas contemporâneas, seja as identidades midiáticas regionais”.
O coordenador também destaca que a transmissão na Internet do evento pelo canal do Laboratório de Telejornalismo da UFMS no Youtube (https://link.ufms.br/Jm0VF) possibilitará uma maior visibilidade e interlocução do PPGCOM/UFMS com pesquisadores de outras partes do Brasil e do mundo.
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Programação:
Segunda-feira, 15/3, às 8h00 (horário oficial de Mato Grosso do Sul)
8h – Recepção dos novos mestrandos
Lançamento do livro “Regionalidade e discursos midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul” (Editora UFMS, 2020).
9h – Aula magna: “Arqueologia da Intolerância: A construção da cultura do preconceito na sociedade brasileira e suas manifestações (in)visíveis nos meios de comunicação”
Prof. Dr. Maurício Ribeiro da Silva
Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP
Professor do PPGCOM/UNIP e presidente da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS)
Ementa:
Nos últimos anos temos observado no Brasil o crescimento de manifestações públicas de ódio, trazendo à tona atos e discursos que repousavam invisíveis no seio da sociedade. O que aparentemente é um traço da atualidade, este fenômeno tem sido descrito como reflexo da capilarização massiva de posições ancoradas no pensamento conservador promovido por grupos radicais que perceberam o poder das mídias sociais para disseminar suas ideias e, assim, conquistar espaço e poder. É preciso considerar, contudo, que a sociedade brasileira foi constituída desde a invasão europeia a partir da imposição de violência física e simbólica contra grupos subalternos diversos do patriarcado católico e europeu (mulheres, homossexuais, judeus, indígenas, africanos etc.), constituindo preconceitos e intolerâncias manifestas há muito tempo, colaborando para a manutenção desta hegemonia. A despeito de algumas conquistas, na sociedade como um todo persistem ancoradas em condições socioculturais constituídas historicamente, ações e discursos contra gays, contra a emancipação da mulher, contra a ascensão do trabalhador, dentre outros. No campo narrativo, percebemos que mulheres ainda são taxadas de “vagabundas”, indígenas de “indolentes”, moradores de comunidades pobres onde a maioria das pessoas descendem dos povos escravizados, de “violentos”. Desdobramentos imagéticos reforçam a hegemonia no plano simbólico, naturalizando a valorização deste padrão europeu em detrimento de outras formações culturais, como é observável nos crucifixos expostos em espaços públicos o Plenário da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal. Nos meios de comunicação, apesar de movimentos no sentido contrário a estas posições – exemplificados pela a ampliação de espaços de destaque ocupados no jornalismo por mulheres e afrodescendentes ou pela visibilidade conferida à pauta LGBTQ+ no audiovisual ou na cena musical – o preconceito se mantém latente por meio do acionamento de imaginários estereotipados que se reproduzem em novelas, na produção cinematográfica ou nos telejornais. Na contramão dos discursos, estas imagens estereotipadas naturalizam ideologias que em última instância acabam por alimentar e sustentar os discursos de ódio e as ações de violência que observamos na sociedade atual. Diante deste cenário e tomando como referência o imaginário cultural e social, nossa proposta é apresentar a construção histórica da hegemonia do padrão europeu em nossa sociedade e os estereótipos por ela criados ao mesmo tempo que desnudar as estratégias de transmissão nos ambientes comunicacionais contemporâneos a despeito das verbalizações discursivas promovidas por jornalistas, artistas e outros formadores de opinião.
Terça-feira, 16/3, às 9h00
Palestra: “O reino do real – Duas ou três coisas sobre documentário e jornalismo”
Prof. Dr. Julio Carlos Bezerra
Doutor em Comunicação e Cinema pela UFF
Professor do PPGCOM/UFMS e dos cursos de Audiovisual e de Jornalismo da FAALC/UFMS
Ementa:
O que distingue um documentário de uma reportagem? Não há professor que não tenha sido interpelado por essa questão. Não há curso de documentário imune ao desconcerto que essa indagação nos impõe. Não há jornalista que jamais tenha se deixado levar pelas portas que essa pergunta abre. Não se trata de uma pergunta fácil. Muito pelo contrário. E ela nos chega com uma urgência por demais afeita à uma série variada de simplificações, ancoradas em termos complicados (“realidade”, “representação”, “discurso”, “significação” “ética” etc.) e em veladas pressuposições (o que vem a ser documentário? e jornalismo?). Nascidos em um contexto industrial e sob a direta interferência da máquina em sua produção, ambos os gêneros constituem boa parte do reino dos discursos sobre o real. Falar de documentário e jornalismo é atravessar um contexto de saturação de variadas “representações do real”, no qual a televisão, o cinema, a publicidade, o vídeo, a mídia em geral, não param de fabricar e nos impor imagens, designando-as como “reais”. Ambos são categorias permeáveis e variáveis, modos de ver construídos historicamente por rotinas produtivas, por transformações sociais, por relações e interesses comerciais e políticos, por estéticas, metodologias e técnicas inventadas por diferentes movimentos. Esta apresentação se esforça por operar nessa multiplicidade. Ao longo do caminho, algumas diferenças e outras tantas afinidades são atravessadas, com um horizonte à frente: a história do documentário e do jornalismo e a relação entre estes domínios pertencem ao futuro e aos esforços ainda por vir.
Quarta-feira, 17/3, às 9h00
Palestra: “Efeito da pandemia no jornalismo local: independência ou submissão aos prefeitos?”
Prof. Dra. Beatriz Dornelles
Doutora pela USP
Professora titular da PUC-RS
Ementa:
A situação dos jornais locais, especialmente em cidades do interior, em 2020, foi devastadora. As medidas restritivas afastaram os anunciantes (serviços e comércio) e os empresários da comunicação, historicamente defensores das políticas públicas municipais, tornaram-se totalmente dependentes dos interesses dos prefeitos. Com isso, raros foram os jornais que defenderam medidas restritivas para o controle da pandemia. Muitos fecharam, muitos circularam de 15 em 15 dias ou de 7 em 7 dias, e até mesmo uma vez por mês. Então, quem fez o contraponto às aglomerações que ocorreram? Quem alertou a população para o perigo que estava por vir? Faltou ética e responsabilidade social.
Quinta-feira, 18/3, às 9h00
Palestra: “Por um jornalismo visual, hoje”
Prof. Dra. Rafaella Peres
Doutora em Design pela UFPE
Professora do Curso de Jornalismo da FAALC/UFMS
Prof. Dr. Silvio da Costa Pereira
Doutor em Jornalismo pela UFSC
Professor do Curso de Jornalismo da FAALC/UFMS
Ementa:
O jornalismo é visual na absorção dos fatos da vida cotidiana e na apresentação da informação desde o início. Quando tratamos de Jornalismo Visual como uma especificidade da área jornalística, defendemos essa essência visual do campo e enfatizamos o caminho que leva o jornalismo a expandir-se para além dos relatos verbo-textuais de sua origem gutenberguiana. Ilustrações, fotografias, tipografias, desenho de páginas, vídeos, infografias e outras visualidades são parte, hoje, das ferramentas narrativas que os jornalistas têm à disposição para dar conta dos acontecimentos da atualidade. A reflexão que fazemos tem a intenção de provocar o debate, assim como outros pesquisadores já vêm fazendo, a partir da concepção de que forma também é conteúdo. Ao considerar que o Jornalismo Visual é a parte do jornalismo que se dedica a produzir ou estudar a interação de iconografias e outras linguagens, quando postas em páginas ou telas, de modo a criar um relato multimodal ou sincrético, pressupomos que o Jornalismo Visual não se preocupa, apenas, com as visualidades, mas também com a interação destas dentro de um sistema que abrange inúmeros códigos. Leva em conta, também, que as imagens vão muito além do ato comunicativo, tendo potências afetivas e significados particulares que permitem a mensagem criar sentido ao ser interpretada por um receptor num determinado contexto.
Sexta-feira, 19/3, às 9h00
Palestra: “A cultura da mídia e as transformações na música sul-mato-grossense”
Prof. Dr. Evandro Higa
Doutor em Música pela UNESP
Professor do Curso de Música da FAALC/UFMS
Ementa:
A música popular midiática está inserida em estruturas culturais complexas e marcadas por disputas simbólicas que evidenciam a construção e reconstrução contínua de vínculos identitários. A categorização em gêneros musicais evidencia processos de apropriação, hibridização e ressignificação de representações que são detectados não só na análise técnica de elementos rítmicos, harmônicos, melódicos, formais, etc., mas também no estudo contextualizado dessas práticas em seu devir histórico e social. Uma das características marcantes da música de Mato Grosso do Sul é sua conexão com a cultura rural e fronteiriça, materializada em rasqueados, chamamés, polcas paraguaias e guarânias. Além desses gêneros musicais que emergiram ao longo do século XX, o protagonismo em uma cena de música sertaneja contemporânea de visibilidade nacional e internacional, em constante transformação, confere singularidade à música sul-mato-grossense e um lugar de destaque no campo da música popular brasileira.
TRANSMISSÃO AO VIVO: https://link.ufms.br/Jm0VF
Texto: Marcos Paulo da Silva