Relação entre jornalismo e documentário é tema de Aula Inaugural do PPGCOM

Postado por: Gerson Luiz Martins

A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGCOM-UFMS) realiza, no próximo dia 16 de março, a Aula Inaugural 2020-1 que terá a palestra do professor e coordenador do curso de Audiovisual da UFMS, Julio Bezerra. O evento acontece às 18h00 no Auditório da FAALC. O tema da palestra será “O reino do real: duas ou três coisas sobre documentário e jornalismo”.

O docente convidado é doutor em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com estágios pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Columbia University (Nova Iorque, Estados Unidos). É autor dos livros “Documentário e jornalismo: Propostas para uma cartografia plural” (Garamond, 2014) e “A eterna novidade do mundo” (Garamond, 2019). Repórter e crítico de cinema, colaborou com uma ampla gama de publicações (Revista Programa, Revista de Cinema, Bravo!, Mosh, Cinética etc.). Foi curador das retrospectivas de Abel Ferrara (CCBB, 2012), Samuel Fuller (CCBB, 2013) e Jean Renoir (CCBB, 2016). Coproduziu e codirigiu a série Esquinas para o Canal Brasil (Globosat) e dirigiu os curtas E agora? (2014) e Pontos corridos (2017).

Saiba mais sobre o evento:

Título: O reino do real: duas ou três coisas sobre documentário e jornalismo

Resumo: O que distingue um documentário de uma reportagem? Não há professor que não tenha sido interpelado por essa questão. Não há curso de documentário imune ao desconcerto que essa indagação nos impõe. Não há jornalista que jamais tenha se deixado levar pelas portas que essa pergunta abre. Não se trata de uma pergunta fácil. Muito pelo contrário. E ela nos chega com uma urgência por demais afeita à uma série variada de simplificações, ancoradas em termos complicados (“realidade”, “representação”, “discurso”, “significação” “ética”  etc.) e em veladas pressuposições (o que vem a ser documentário? e jornalismo?). Nascidos em um contexto industrial e sob a direta interferência da máquina em sua produção, ambos os gêneros constituem boa parte do reino dos discursos sobre o real. Falar de documentário e jornalismo é atravessar um contexto de saturação de variadas “representações do real”, no qual a televisão, o cinema, a publicidade, o vídeo, a mídia em geral, não param de fabricar e nos impor imagens, designando-as como “reais”.  Ambos são categorias permeáveis e variáveis, modos de ver construídos historicamente por rotinas produtivas, por transformações sociais, por relações e interesses comerciais e políticos, por estéticas, metodologias e técnicas inventadas por diferentes movimentos. Esta apresentação se esforça por operar nessa multiplicidade. Ao longo do caminho, algumas diferenças e outras tantas afinidades são atravessadas, com um horizonte à frente: a história do documentário e do jornalismo e a relação entre estes domínios pertencem ao futuro e aos esforços ainda por vir.