Pesquisadores do PPGCOM e professores do curso de Jornalismo da UFMS divulgam nota de repúdio sobre violência sofrida por pesquisador da Unesp
Os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGCOM-UFMS) e professores do curso de graduação em Jornalismo divulgaram nota de repúdio à violência sofrida pelo pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia e do curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Unesp – Bauru, Juarez Tadeu de Paula Xavier.
Segundo a nota, os professores repudiam veementemente o ataque sofrido pelo professor Xavier, bem como toda e qualquer violência racista ou de qualquer outra forma e finalizam a nota “Como diz o próprio Juarez, sigamos no enfrentamento ao sistema de opressão patriarcal segregacionista e racista!”
Confira a íntegra da Nota de Repúdio:
CARTA DE REPÚDIO AO RACISMO E À VIOLÊNCIA
(Texto adaptado da Carta de Repúdio ao Racismo e à Violência produzido pelos colegas do prof. Juarez Xavier e publicado por Denis Renó – Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia – Mestrado Profissional – UNESP)
Diariamente presenciamos, ouvimos ou lemos histórias absurdas de racismo, preconceito e violência. E temos a falsa sensação de que se fala muito sobre isso. Porém, na tarde desta quarta-feira, dia 20 de novembro de 2019, Juarez Xavier, professor do curso de Jornalismo da Universidade Estadual Paulista – UNESP, foi insultado e depois esfaqueado… por ser negro. Em pleno Dia da Consciência Negra. Lamentavelmente, o tipo de violência que o professor Juarez e os demais afrodescendentes sofrem não tem data para acontecer. Essa violência física e/ou simbólica acontece diariamente. Acontece nas mínimas atitudes, como um olhar amedrontado de um caucasiano que teme ser assaltado, ou no comentário surpreso a respeito de uma criança afrodescendente entrando numa escola particular. A sociedade é, lamentavelmente, racista, e isso urge mudanças.
O ocorrido com o professor Juarez na tarde de ontem simboliza mais que um ato racista. Em seus sessenta anos de vida, Juarez sofreu várias agressões físicas, morais, sociais, e venceu! O professor contradiz a estatística da desigualdade e da injustiça. Ele é jornalista, mestre, doutor e professor universitário em uma das melhores universidades da América Latina. Um dos poucos afrodescendentes em nossas salas de aula. Sua esposa é mestre pelo programa de pós-graduação em Mídia e Tecnologia. Sua filha é estudante do curso de História, também na UNESP. São uma família que ajuda a mudar a história social desse país. Uma família vencedora, forte e valente o suficiente para suprimir ameaças verbais, sociais e/ou físicas, como a ocorrida na tarde de ontem.
Nós, professores do Curso de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMS, repudiamos veementemente o ataque sofrido pelo professor Xavier, bem como toda e qualquer violência racista ou de qualquer outra forma. Nosso manifesto é uma provocação a que pensemos em qual mundo queremos e merecemos viver. Um mundo onde o fenótipo define uma pessoa? Ou, de uma vez por todas, um mundo onde o único sentido das coisas seja, definitivamente, o amor? Como diz o próprio Juarez, sigamos no enfrentamento ao sistema de opressão patriarcal segregacionista e racista!
Alfredo Lanari | Daniela Ota | Edson Silva | Felipe Quintino | Gerson Luiz Martins | Hélder Prior | Júlio Bezerra | Katarini Giroldo Miguel | Marcia Gomes | Marcos Paulo da Silva | Mário Luiz Fernandes | Rafaella Lopes P. Peres | Rose Mara Pinheiro | Silvio da Costa Pereira | Taís Marina Fenellon
Foto: Acervo Pessoal Juarez Xavier – Facebook
Imagem Carta de Repúdio: Rafaela Peres e Silvio Pereira