Histórico e Contextualização

O Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGCOM/UFMS) foi autorizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superios (CAPES) em abril de 2011 e foi implantado em agosto daquele ano. Em seu primeiro processo seletivo, o Programa teve 47 candidatos inscritos para dez vagas, o que evidencia sua importância para o estado de Mato Grosso do Sul e para a região Centro-Oeste.

Sua criação era almejada já no início do ano 2000 em razão do número de jornalistas formados pelo curso de graduação da UFMS, criado em 1989. Em 2002, foi criada a primeira comissão de professores do Departamento de Jornalismo, com o objetivo de articular a proposta a ser encaminhada à CAPES para a devida aprovação. Após os levantamentos iniciais e assessoramento de dois consultores da CAPES para avaliar as questões de infraestrutura, grupos de pesquisa, quantidade e titulação dos membros do corpo docente e outras exigências daquela instituição, foram constadas muitas limitações para a criação do curso. Foi sugerida, então, uma parceria com o PPGCOM da Universidade de Brasília (UNB) para a criação do curso na modalidade Minter/Dinter. Realizadas as articulações entre as duas instituições, em 2004 chegou a ser anunciada a implantação do curso para 2005, o que não ocorreu por motivos adversos.

A partir da recomendação dos consultores da CAPES, a UFMS decidiu dar prioridade à ampliação da titulação de seu quadro docente. Entre 2000 e 2009, com a realização de concursos públicos e professores efetivos que saíram para cursar o Doutorado, o Departamento de Jornalismo passou de um para nove professores doutores.

Em 2009, foi criada nova comissão que deu alguns passos para a criação do curso. Em 2010, essa comissão foi reformulada e foi intensificado o desenvolvimento do APCN que foi enviado à Capes em junho de 2010. Como mencionado, além de ser uma reivindicação antiga, a criação do Mestrado em Comunicação agora estava contemplada no plano de metas da então nova gestão da instituição, que iniciara seu mandato em 2009, e que visava à ampliação do número dos programas de pós-graduação stricto sensu, principalmente na área das Ciências Sociais e Humanas.

Em 2011, a UFMS chegava à marca de 37 programas de pós-graduação stricto sensu. Somente naquele ano foram aprovados pela CAPES oito novos cursos, incluindo o Mestrado em Comunicação implantado em agosto. Este avanço é resultado da estratégia institucional definida pelo Conselho Universitário (COUN) e consubstanciada do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFMS que coloca a pesquisa e a pós-graduação como meios de fortalecimento da graduação, através da formação e capacitação do corpo docente, entre outros aspectos.

O PDI da UMFS tem como diretrizes de pesquisa e pós-graduação: apoiar atividades de pesquisa com recursos para manutenção de Programas, projetos e grupos; incentivar o desenvolvimento de redes de pesquisa; expandir a pós-graduação com a implantação de novos Programas stricto sensu; expandir o Programa Institucional de Pós-Graduação no Centro-Oeste; implementar o Programa de Avaliação da Pesquisa e divulgação da produção científica; apoiar a divulgação da produção científica em revistas indexadas do padrão A ou similar no QUALIS/CAPES; estabelecer políticas para ampliar o número de vagas para concurso público.

Nesse contexto, a UFMS aportou no ano de 2020 com um significativo fortalecimento em seu corpo docente na área da Comunicação. Além do fortalecimento do Curso de Graduação em Jornalismo da instituição e, em especial, do próprio PPGCOM/UFMS, a universidade também aprovou a criação do Curso de Graduação em Audiovisual, implantado em 2019. Com isso, o corpo docente específico da área da Comunicação chegou a 18 professores, sendo 17 com titulação em nível de doutorado. Destes, ao final do quadriênio, 10 estão devidamente credenciados no PPGCOM/UFMS. Além disso, há uma efetiva interlocução com pesquisadores de áreas afins, como as Letras e a Linguística, as Artes Visuais, a Antropologia Social e a Educação, que possuem seus próprios programas de pós-graduação na UFMS.

O fortalecimento do PPGCOM/UFMS também está intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento dos meios de comunicação em toda região Centro-Oeste do Brasil e mais particularmente de Mato Grosso do Sul. Desde sua implantação efetiva em 1979, com o então desmembramento do Mato Grosso unificado, o Estado vem experimentando um acelerado crescimento em seus aspectos econômicos e sociais. Movida por estes fatores, a mídia sul-mato-grossense também passa por expressivo avanço podendo tornar-se um pólo comunicacional frente aos estados da região sul e sudeste do país.

A estimativa é de que pelo menos 140 jornais são editados no estado. Eles atendem a demanda de informação de mais de 2,6 milhões de habitantes com índice de alfabetização de 91% (IBGE 2017) e considerável renda per capita, fatores que credenciam esses cidadãos a potenciais enunciatários dos meios. No sistema de rádio, são 219 emissoras distribuídas em 56 municípios: 74 FMs, 56 AMs, quatro OTs, nove Educativas e 76 Comunitárias. Em televisão, são 15 emissoras comerciais de canal aberto e oito educativas. Neste sistema de comunicação destacam-se alguns conglomerados regionais como a Rede MS de Rádio e Televisão (afiliada à Rede Record), Rede Centro-Oeste de Rádio e TV (SBT), Rede Mato-grossense de Televisão (Rede Globo) e TV Guanandi (Bandeirantes), entre outros.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/IBGE 2018), do total de lares sul-mato-grossenses, 64% possuem aparelho de rádio, 95,5% de televisão, 97,5% de telefone, 50,2% de microcomputadores, 60,6% de com acesso à Internet e 86,7% dispõem de aparelho de telefone celular. Esses índices colocam a informação, via meios eletrônicos, ao alcance de praticamente toda a população. Ou seja, são cidadãos sujeitos à influência cultural e ideológica disseminada pela mídia que forja uma nova cultura e identidade regionais a partir da visão desses grupos empresariais e perpassadas pela lógica capitalista, não necessariamente vinculada às tradições, aos interesses e às expectativas desses cidadãos.

No ensino de Comunicação, somente a cidade de Campo Grande, a capital, conta com dez cursos em diferentes habilitações: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Jornalismo criado em 1989; Audiovisual, criado em 2019); Universidade Uniderp-Anhanguera (Jornalismo e Publicidade e Propaganda – 1998); Faculdade Estácio de Sá (Jornalismo e Publicidade e Propaganda – 2001); Universidade Católica Dom Bosco (Jornalismo e Radialismo – 1999, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas – 1995). Em Dourados (MS), a Unigran mantém a habilitação de Publicidade e Propaganda. Em Três Lagoas (MS), a Faculdades Integradas de Três Lagoas possui os cursos de Jornalismo e Publicidade/Propaganda, criados em 2006.

Como resultado dessa estrutura de ensino, a estimativa é de que somente em Mato Grosso do Sul há mais de 3 mil profissionais formados na área de Comunicação. A expressiva maioria está concentrada na capital. Somente no curso de Jornalismo da UFMS são mais de 600 egressos, alguns deles atuando como professores em outros cursos de graduação em Comunicação, e que até então não dispunham de um Mestrado na área para sua formação acadêmica como docentes e pesquisadores em Comunicação. Até então, os únicos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de toda a região Centro-Oeste eram os da UNB (Mestrado e Doutorado), da Universidade Católica de Brasília (Mestrado) e da Universidade Federal de Goiás (Mestrado). O Mestrado em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi iniciado apenas em 2020. Por essa razão, os sul-mato-grossenses que desejassem realizar um mestrado em Comunicação tinham que se deslocar até o Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília. É neste contexto regional que se insere o PPGCOM/UFMS.

Ademais, a contribuição do PPGCOM/UFMS também está fortemente calcada no desenvolvimento regional. Não por acaso, as pesquisas do PPG encontram forte ressonância nas variáveis regionais de um estado rico em trocas culturais e em biodiversidade. Mato Grosso do Sul é o estado mais fronteiriço do Brasil. Faz divisas com os estados de Mato Grosso e Goiás, na região Centro-Oeste; Minas Gerais e São Paulo, no Sudeste; e com o Paraná, na região Sul; além das vastas fronteiras internacionais com Bolívia e Paraguai. O estado abriga dois terços do Pantanal, a maior planície alagável do mundo e um dos ecossistemas mais importantes do planeta, reconhecido pela UNESCO como patrimônio natural da humanidade – e tão martirizado pela ação humana e pelas tristes queimadas.

O território sul-mato-grossense também abriga a segunda maior população indígena do país, com mais de 80 mil indígenas de etnias como Terena, Guarani-Kaiowá, Kadiwéu, Guató e Ofaié, brasileiros dotados de direitos de cidadania, mas que assim como o bioma sul-mato-grossense também têm sofrido com a violência física e simbólica e com os desmandos dos poderes constituídos. 

Todas essas temáticas são caríssimas às pesquisas desenvolvidas no PPGCOM/UFMS, que tem nas mediações culturais regionais seu DNA. Não por acaso, o tema das mediações regionais contemplou o Projeto de Cooperação Acadêmica PROCAD/CAPES desenvolvido pelo PPGCOM/UFMS entre 2014 e 2020 em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os resultados das pesquisas no terreno da regionalidade comunicacional também estão presentes na coletânea “Regionalidade e Discursos Midiáticos: Mapeamento e Análise em Mato Grosso do Sul” (Editora UFMS, 2020), organizado por pesquisadores do PPGCOM/UFMS com as conclusões das principais pesquisas desenvolvidas no quadriênio 2017-2020.

Nesse sentido, o PPGCOM/UFMS, atualmente com conceito de avaliação 3 junto à CAPES, tem realizado um conjunto de esforços para sua qualificação com vistas ao conceito 4 na próxima avaliação quadrienal.